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É assim tão importante tomar o pequeno-almoço? O que comer na primeira refeição do dia?

Foto do escritor: Sofia Azevedo ReisSofia Azevedo Reis

Neste artigo podes ler:


Não é de hoje que ouvimos que o pequeno-almoço é a refeição mais importante do dia. Na verdade, é tão falado que tornou-se quase um provérbio, mas será verdade? Temos de analisar vários fatores para entender.


Porque não tenho fome ao pequeno-almoço?

A resposta pode estar em desequilíbrios intestinais e/ou hormonais.

Quem diz ao nosso corpo se temos ou não fome, é o nosso sistema hormonal. Quando tem fome, aparece a grelina, a hormona responsável por nos sinalizar que está na hora de comer. Por outro lado, quando a hormona leptina aparece, ficamos saciadas.

Quando estamos reguladas (consequência de outros vários factores como alimentação, sono, relaxamento…), estas duas surgem em tempos ótimos, o que significa fome de manhã e saciedade após jantar.

Por outro lado, quando estamos desreguladas, a fome pode não surgir ao acordar. Podemos, na verdade, ter até uma sensação de estarmos cheias. Nestes casos não devemos contrariar o corpo e inserir mais alimentos, mas devemos escutar os sinais e adotar técnicas para restaurar o equilíbrio, como:

  • Mudanças ou reforço alimentar

  • Técnicas de relaxamento

  • Respeitar o ritmo natural do corpo


Pequeno-almoço: importante ou superestimado?

Respeitar o ritmo natural do corpo significa viver em concordância com o ciclo circadiano, que é o ciclo do sol, aquele pelo qual o ser humano se rege.

Quando o sol nasce, o cortisol "acorda" dentro de nós. Geralmente conhecemos o cortisol como a hormona do stress, e por isso consideramos algo negativo. Mas, quando em défice de cortisol, ficamos deprimidas, sem forças para agir ou tomar decisões. O cortisol, como todas as outras hormonas, quer-se portanto na quantidade certa.

Quando o sol se põe, no entanto, o cortisol deveria começar a baixar, dando lugar à melatonina, a hormona do descanso.

Muitas vezes isto não acontece:

  • Ou por níveis descompensados de stress;

  • Ou por exposição excessiva à luz azul, que interfere com a nossa perceção de dia/noite;

  • Ou por snacks noturnos.


Snacks noturnos e a sua interferência com o pequeno-almoço

Os snacks noturnos tendem a perturbar o nosso sono porque à noite o nosso corpo prepara-se para várias funções essenciais, como produzir e equilibrar hormonas, reparar e regenerar as nossas células e consolidar a nossa memória.

Ao jantarmos tarde ou a comermos após o jantar estamos a confundimos o nosso corpo, que se preparava para regenerar e agora tem de digerir. Muitas vezes o que acontece é que ele não executa direito alguma ou nenhuma das funções, o que justifica a sensação de acordar de barriga cheia.

Ora, interferir com o ciclo circadiano, será deitar abaixo uma peça de um dominó que está em fila: ao prejudicar o sono, vamos suprimir ou entardecer o pequeno-almoço, concentrar por isso mais comida na parte da tarde e da noite, levando a uma repetição de ciclo no dia seguinte.

Ajustar o ciclo significa comer mais na primeira parte do dia do que na segunda, uma vez que a comida é o nosso combustível e precisamos de mais energia de manhã do que à noite. Por este motivo, idealmente o pequeno-almoço deve ser tomado até 1 hora após o despertar.


O que comer ao pequeno-almoço?

O que comer é tão importante quanto quando comer. Eu diria que até mais importante, porque é a primeira fase para restaurar o equilíbrio hormonal e intestinal.

Após um jejum, o corpo está super preparado para absorver. Se lhe dermos nutrientes, ele absorverá nutrientes; se lhe dermos açúcar, ele absorverá açúcar e a maioria dos portugueses come demasiado açúcar ao pequeno-almoço, mesmo quando acha que não o faz. Quando falamos em açúcar, não estamos a falar apenas do açúcar de mesa, mas de tudo aquilo que se transforma em açúcar dentro do corpo: os carboidratos.

Os carboidratos são a fonte favorita de energia do corpo e transformam-se em glicose (um tipo de açúcar) quando os comemos, o que liberta a insulina. A insulina é uma hormona que funciona como porteira: ela abre as portas das células para armazenar a glicose. Ora, uma grande libertação de glicose vai gerar uma grande libertação de insulina, exponenciando o risco de resistência à insulina e doenças que dela advêm (ex: diabetes tipo 2) a médio/longo prazo.

Para além disso, na nossa flora intestinal residem triliões de bactérias: simbióticas, as chamadas bactérias boas; e patogénicas, as bactérias más.

As bactérias más alimentam-se de açúcar, independentemente da fonte, o que significa que comer um pão com manteiga está a alimentar as bactérias más.

Isso não significa, no entanto, que não comamos carboidratos nunca, mas sim que:

  • Devemos dar preferência a carboidratos complexos, ou seja, com maior teor de fibra, gordura boa ou proteína.

  • Devemos priviligia-los em alturas em que o corpo se prepara para algum tipo de atividade física (pois necessitamos de mais energia), seja ela estar de pé, andar ou correr uma maratona.

  • Não deve ser a primeira coisa que comemos no dia ou, pelo menos, não devemos comê-los de forma isolada em situações em que não vamos necessitar da tal energia (que é o caso de quando estamos sentadas).


Posto isto, o que devemos comer são ou alimentos ricos nos outros macronutrientes - fibras, proteínas e gorduras boas - ou adicionar estes mesmos alimentos a uma fonte de carboidrato (como o pão ou a fruta).

Isto tanto pode significar um pão (carboidrato) com ovo (proteína), como um pudim de aveia (carboidrato) e chia (gordura boa). Mas hoje, trago outro exemplo:


Exemplo de pequeno-almoço equilibrado

Receita de Humús de feijão com ovos vitaminados e abacate



Ingredientes:

1 a 2 ovos

1/2 abacate

1/3 chávena de feijão encarnado

1 colher de sopa de manteiga de amendoim ou tahini

1 colher de sopa de azeite + azeite para fritar o(s) ovo(s)

1 colher de chá de colorau

1 colher de café de curcuma

Pimenta preta a gosto

Sementes a gosto (exemplos: girassol, abóbora, sésamo, cânhamo)

Opcional: alho em pó q.b.


Modo de fazer:
  1. Numa taça, coloca o feijão, a manteiga de amendoim ou o tahini e o azeite e tempera com o colorau, pimenta preta a gosto e o alho (se assim optares). Tritura tudo com a varinha mágica enquanto vais adicionando água aos poucos para ajustar a consistência. Serve no prato.

  2. Frita o(s) ovo(s) em azeite em lume médio, serve e tempera com curcuma e as sementes escolhidas.

  3. Acompanha com o meio abacate.


Este pequeno-almoço garante:

  • 1 fonte de carboidratos complexos: o feijão é um carboidrato rico em proteína e fibra.

  • Várias fontes de gordura boa: manteiga de amendoim ou tahini, abacate, sementes e azeite.

  • 1 fonte de proteína: o(s) ovo(s).

  • Vários nutrientes essenciais escondidos nas sementes e especiarias.


Existem muitas combinações de pequenos-almoços deliciosos e extremamente nutritivos, o mais importante não são as receitas, mas sim a lógica por detrás. Ao aprendê-la, tu aprendes a nutrir o teu corpo de verdade.


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